ÁFRICA/CONGO RD - “Esperamos um Natal de paz” disse o Bispo de Isiro-Niangara, ameaçada pelos rebeldes ugandeses

Quarta, 23 Dezembro 2009

Kinshasa (Agência Fides)- “A situação está tranquila no momento, os rebeldes não apareceram esperamos de verdade passar um Natal de paz” disse à Agência Fides Dom Julien Andavo Mbia, Bispo de Isiro-Niangara no nordeste da República Democrática do Congo, uma área sujeita às ameaças dos rebeldes ugandeses do Exército de Resistência do Senhor (LRA). Alguns dias atrás, o LRA ameaçou um novo Natal de sangue (ver Fides de 18/12/2009) como foi o de 2008, quando os rebeldes, em uma série de ataques realizados entre 24 de dezembro e 17 de janeiro mataram 865 pessoas e raptaram outras 160.
“A população ainda tem medo, mas sabemos que a MONUC enviou um avião de reconhecimento para observar os movimentos dos rebeldes” disse o Bispo. “A minha maior preocupação no momento são os milhares de deslocados que estão acampados a cerca de 60 quilômetros de Isiro. A Caritas do Congo está verificando o seu número e as suas condições para iniciar as operações de assistência”.
O LRA foi acusado de crimes contra a humanidade por um relatório da ONU publicado em 21 de dezembro. Segundo o documento, em 10 meses, o LRA no leste da RDC e no sul do Sudão matou 1300 civis, raptou cerca de 1.400 pessoas, inclusive centenas de crianças e de mulheres, e obrigou mais de 300 mil pessoas a fugirem.
O relatório foi elaborado pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos humanos (OHCHR), pela Missão da ONU na RDC (MONUC) e pela Missão da ONU no Sudão (UNMIS).
“A brutalidade dos ataques é sistemática, premeditada e desmedida” afirma o capítulo do relatório a respeito do Sudão. As vítimas, entre as quais há até mesmo recém-nascidos, foram mutiladas e mortas com armas de corte facas, facões, machados, e pás. Desse modo, os rebeldes economizam munição, reservando o uso das armas de fogo somente para perseguir aqueles que tentam fugir. Nos Estados do sul-sudaneses da Equatoria ocidental e central, entre dezembro de 2008 e março de 2009, pelo menos 81 civis foram mortos, muitos outros foram feridos, mutilados, violentados e raptados. Diversos vilarejos foram parcial ou totalmente destruídos e 38 mil pessoas foram obrigadas a fugir.
Na província Oriental do Congo, entre setembro de2008 e junho dec2009, o LRA matou 1200 pessoas, raptou 1400 e obrigou 230 mil a fugir. Em diversos casos as mulheres e as moças foram violentadas antes de serem mortas, outras foram levadas para serem escravas sexuais.
O relatório também o exército congolês de crimes contra os deslocados: “os deslocados sofreram maus tratos, extorsões, violências sexuais e execuções sumárias por parte das forças de segurança congolesas”.
O documento pede à comunidade internacional “que ajude a RDC a estabelecer um sistema de controle para melhorar a qualidade das suas forças de segurança e a sua capacidade de proteger os civis e de cooperar com o Tribunal Penal Internacional na prisão dos líderes do LRA acusados de crimes internacionais”. (L.M.) (Agência Fides 23/12/2009)


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