ÁFRICA/SUDÃO - Preocupação por uma possível retomada da guerra no sul do Sudão

Cartum (Agência Fides) - “O Sudão está andando rumo a uma ruptura violenta de seus equilíbrios internos. Os principais mecanismos para finalizar os conflitos entre o governo central e as periferias, o Comprehensive Peace Agreement (CPA), os acordos de paz para Darfur e o Sudão Oriental, sofrem pela falta de aplicação, sobretudo por causa da intransigência do National Congress Party (NCP, o partido do Presidente Bashir). Permanecem menos de treze meses para as eleições a fim de garantir que as eleições nacionais e o referendo de autodeterminação do sul do Sudão leve a uma transformação democrática e à resolução de todos os conflitos do país” – assim o International Crisis Group descreve a situação do Sudão que está para realizar dois importantes eventos: as eleições e o referendo previstos pelo acordo de paz que finalizaram a guerra no sul do Sudão (1983-2005). A guerra entre o governo central de Cartum e a rebelião do sul do Sudão se concluiu em 2005 com a assinatura em Nairóbi (Quênia) do “Comprehensive Peace Agreement” (CPA), que prevê depois de um período de transição, eleições gerais em 2010 e em 2011 um referendo para decidir se as regiões do sul permanecerão sendo parte do Sudão unitário ou se tornarão totalmente independentes (atualmente segundo o CPA possuem um estatuto de autonomia).
“A menos que a comunidade internacional, em especial os Estados Unidos, as Nações Unidas, o conselho para a paz e a segurança da União africana (UA), e o Inter-Government Authority on Development (IGAD), do Chifre da África, colaborem para apoiar a atuação do CPA e favoreçam posteriores negociações, é provável um retorno da guerra entre norte e sul e uma intensificação do conflito no Darfur”.
Os Bispos do sul do Sudão também manifestaram preocupação com um possível reinício da guerra entre norte e sul do Sudão na declaração publicada ao final da Assembleia Plenária que aconteceu em Torit de 5 a 15 de dezembro (ver Fides de 19/12/2009). Os Bispos, mesmo reconhecendo os benefícios trazidos pelo acordo de paz, manifestam a sua preocupação com os atrasos relativos à aprovação da lei para a realização do referendo e da Comissão referendária do sul do Sudão, e pedem à Assembleia Nacional “que acelere o processo de aprovação para evitar consequências inúteis que irão contra o futuro do País. Fazemos um apelo aos sudaneses para que estejam atentos e não cedam àqueles que podem mergulhar novamente o País na guerra”. (L.M.) (Agência Fides 21/12/2009)