ÁSIA/TURQUIA - “Cavalo de Troia das Cruzadas”, “Cardeal in pectore”: as definições da imprensa turca para Fethullah Gulen

Quarta, 10 Agosto 2016 política internacional   minorias religiosas   islã  

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Ankara (Agência Fides) – Nos últimos dias, a imprensa turca publicou vários artigos de nuance patriótica sobre a participação de importantes membros das comunidades cristãs locais nas manifestações ‘ em defesa da democracia’ convocadas no país para condenar o fracassado golpe de Estado de 15 de julho passado. Segundo relatos que chegaram à Fides, declarações oficiais divulgadas por expoentes cristãos greco-ortodoxos, armênios e sírios obtiveram espaço na mídia turca e frisaram sua reprovação ao fracassado golpe. Repercutiram de modo especial as palavras de Nikolaos Uzunoglu, Presidente da Federação mundial dos greco-ortodoxos de Istambul, publicadas também no último suplemento dominical de Yeni Safak Gazetesi: “Condeno firmemente a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho contra o governo e a ordem constitucional na Turquia... espero que o país supere este difícil momento em breve e reencontre a paz”, declarou o professor Uzunoglu. Também o greco-ortodoxo Laki Vingas, representante das Fundações das minorias, participou da homenagem aos ‘mártires da democracia’ convocada em Istambul, na praça Taksim: “A tentativa de golpe de Estado, organizada contra o gabinete da Presidência de nosso país contra o Parlamento e o Governo” declarou, entre outras coisas Vingas “não será cancelada de nossa memória, porque é um dos pontos sombrios de nossa história recente”. A imprensa turca ressaltou também as declarações do escritor armênio Artun Altiparmak, que, comentando os fatos recentes da história turca declarou nunca ter se sentido pertencente a uma ‘minoria’ e disse concordar os mesmos sentimentos de reprovação de toda a nação em relação à tentativa de golpe.
Entretanto, continuam as campanhas desencadeadas pela imprensa turca contra Fethullah Gulen, o pregador islâmico turco expatriado nos EUA e indicado pela Turquia como inspirador do golpe. Fomentados pelo sentimento anti-gulenista, alguns jornalistas realizam contra o pregador e seu movimento Hizmet acusações “fortes”, sem qualquer credibilidade.
O jornalista Erhan Afyonku, na publicação nacionalista Sabah, de domingo, 7 de agosto, indicou Gulen e sua rede como “Cavalo de Troia” de uma “mentalidade de Cruzada” que a seu ver nunca diminuiu entre os europeus, em busca constante da própria revanche definitiva sobre os turcos. Já o jornalista Mine Kirikkanat, no jornal Cumhuriyet, de domingo, 7 de agosto, num artigo inspirado no complô fantasioso, recordou o encontro entre Fethullah Gulen e João Paulo II de fevereiro de 1998, e chegou a ponto de insinuar que Fethullah Gulen (imaginado pelo articulista nas vestes do “imame fiel à Igreja”) poderia ser o cardeal criado “in pectore” pelo próprio pontífice polonês falecido em 2 de abril de 2005, e nunca por ele divulgado. (GV) (Agência Fides 10/8/2016).


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