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Juba (Agência Fides) – "Falar de conflitos étnicos é demasiado simples e ofensivo para pessoas que como eu vem dessa área. Muitas vezes, os conflitos africanos são reduzidos a luta entre clãs e tribos. Não é tão simples", disse Dom Rudolf Deng Majak, Bispo de Wau, no sul do Sudão, numa entrevista à agência CANAA sobre o conflito em curso no seu país entre as duas facções do partido do governo, o SPLM (Movimento de Libertação do Povo Sudanês), respectivamente guiado pelo Presidente Salva Kiir e pelo ex-vice-presidente Riek Machar.
Dom Majak afirma que o conflito decorre da inexperiência da liderança, porque isto "é algo que se aprende" com a experiência e com os próprios erros. O Bispo de Wau também enfatiza que "as comunidades sul-sudanesas nunca tiveram a oportunidade de viver juntas como uma nação. É verdade que sofremos juntos, mas aprofundamos a nossa formação como nação. Leva tempo, tanto a nível de liderança quanto de povo".
De fato, observa o Bispo, "pela primeira vez em sua história, o povo do Sudão do Sul tem o seu próprio Parlamento, um governo soberano e seu próprio Exército. Leva tempo para que essas grandes responsabilidades amadureçam, permitindo o desenvolvimento de uma comunidade pacífica, estável e próspera".
Dom Majak recorda, por fim, que o conflito civil que explodiu em dezembro de 2013 (o Sudão do Sul foi declarado independente em julho de 2011), também decorre de corrupção, em parte alimentada pela pobreza, porque "as pessoas estavam se levantando das cinzas e da poeira da destruição da guerra civil (para a independência de Cartum, ndr)". Por esta razão, o Bispo de Wau acredita que as sanções econômicas que a ONU quer impor aos responsáveis da guerra civil sejam inúteis, porque as pessoas tomadas como alvo "continuarão acumulando riquezas a seu modo", e os afetados serão as populações inocentes . (L.M.) (Agência Fides 24/3/2015)
