ÁFRICA/COSTA DO MARFIM - “A TRÉGUA? A AUSÊNCIA DE COMBATES NÃO REPRESENTA A VERDADEIRA PAZ; O POVO QUER O RETORNO DAS CONDIÇÕES DE VIDA DECENTES E O FINAL DOS SAQUES”, DIZEM OS MISSIONÁRIOS DA COSTA DO MARFIM.

Terça, 6 Maio 2003

Abidjan (Agência Fides) – “O povo já não agüenta mais! Está na hora desta situação parar; não é mais possível viver por meses e meses num estado de anarquia”, assim alguns missionários contatados pela Agência Fides no Centro-Norte da Costa do Marfim descrevem as condições de vida da população nos territórios controlados pela rebelião. Desde setembro do ano passado, amplas zonas da Costa do Marfim estão nas mãos de diversos movimentos rebeldes que pedem a destituição do Presidente Laurent Gbagbo. Sábado passado chegou-se a um acordo de trégua entre os responsáveis militares da Costa do Marfim e Libéria e aqueles das forças rebeldes marfinenses. A Libéria esforça-se em vigiar os confins com a Costa do Marfim para impedir a passagem de homens e meios de transporte, em particular, de mercenários liberianos e da Serra Lion. A partir do ponto de vista político, continua a disputa pela nomeação do ministro da defesa e do Interno, do governo da unidade nacional. O Presidente Gbagbo e os movimentos de guerrilha ainda não encontraram um acordo sobre quem deverá presidir estes dois importantes ministérios.
“A trégua já existe há alguns meses aqui no Centro-Norte”, afirmam os missionários contatados pela Agência Fides, “e por isso, agradecemos o Senhor. Mas a ausência de combates não é a paz, não significa a serenidade. Os rebeldes vivem as custas do povo. Até pouco tempo diziam que teriam tomado os bens do Estado, porque o Governo lhes deve muito dinheiro. Muitos guerrilheiros, de fato, são ex-militares que se colocaram contra o governo por não terem recebido o devido salário. Depois de depredarem os edifícios públicos e bancos, os rebeldes atacam a população civil. Entram nas habitações das pessoas, com as armas em punho e tomam o que querem. Nas principais estradas encontram-se patrulhas a cada 100 metros: com freqüência jovens de 16-17 anos armados de kalashinov, e para que se possa passar é preciso dar-lhes dinheiro, alimentos ou outras coisas. Alguns comerciantes que desejavam reabrir seus negócios fugiram por que já não agüentam mais a violência e os constantes saques feitos por esses garotos. Esta situação perdura há muitos meses e causa profundos inconvenientes à população, também porque faltam gêneros de primeira necessidade e, em particular, remédios.(L.M.) (Agência Fides 05/03/2003 linhas: 31 palavras: 403).


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